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A COVID negada


A negação da COVID-19 e suas consequências se constitui um fenômeno social cada vez mais recorrente em alguns setores da sociedade. Em que pese o acesso à informação, viabilizado amplamente pelos meios de comunicação, e o país ocupar o segundo lugar do planeta em número de óbitos pelo vírus.


No momento em que escrevo, o Brasil tem mais de 5 milhões de contaminados e 155.962 mortos, dentre os quais um senador da República que se opunha veementemente às medidas de profilaxia recomendadas pela Organização Mundial de Saúde(OMS) e autoridades sanitárias do mundo inteiro.


Nesse cenário em que as aglomerações desafiam o bom senso, uma pergunta se impõe: Mas se a pandemia não acabou, o que leva toda essa gente a permanecer transitando, se amontoando? Precisamos entender o que origina a persistência de tal comportamento.

Afinal, a insurgência diante da possibilidade da morte se opõe a racionalidade; o que parece prevalecer é um ‘comportamento de manada’. Tal fenômeno já foi apontado por diversos pensadores da vida em sociedade, tais como Wilfred Trotter, em Peace and War, publicado em 1914, onde explicou a imitação e os efeitos das influências sociais, e Friedrich Nietzsche, em Genealogia da Moral, livro no qual expôs a sua visão de que o rebanho serve como analogia para a compreensão de uma coletividade massificada, feita de indivíduos dóceis e uniformes, que compartilham de um mesmo modo de vida, mas incapazes de crítica.


A esse respeito o sociólogo Georg Simmel nos ajuda a entender a emotividade e atração da massa como parte das expressões das relações sociais. A massa não é apenas a soma dos indivíduos, mas adquire comportamento próprio ao qual os indivíduos aderem, tomados pela necessidade de um impulso de sociabilidade e de aceitação.


Eles assumem para si ações que mimetizam entre os grupos aos quais pertencem. Os comportamentos se alinham mais a sentimentos instintivos do que a conceitos e juízos, portanto falta-lhes em geral a consciência de responsabilidade. É o que podemos constatar entre aqueles que insistem em adotar a negação da COVID-19.


(Texto enviado pela docente Anna Christina Freire Barbosa

Doutora em Ciências Sociais

Professora Adjunta da Universidade do Estado da Bahia - campus III)

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