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IMPACTOS PSICOLÓGICOS DA PANDEMIA


Fonte da imagem: Reprodução da internet (https://fellipelli.com.br/covid-19-e-a-pandemia-emocional/)


Isso que chamamos de psicológico se constitui como tal na convivência social. A pandemia também. O psicológico se refere às formas de pensar, sentir e agir que são tipicamente humanas. Significa que adquirimos características humanas na convivência com outros seres humanos. De modo similar adquirimos o vírus que produz a atual pandemia.


Ao possibilitar a pandemia, a convivência social é por ela afetada. Ao mesmo tempo, essa convivência altera as vivências individuais no cotidiano, ou seja, altera o psicológico. A dimensão psicológica e a dimensão social são indissociáveis. Podemos, pois, notar que a pandemia repercute no pensamento, nos sentimentos/emoções (afetos) e nas ações do indivíduo. Pensamento, afetos e ações são, também, indissociáveis.


O impacto da pandemia é diferente em cada pessoa. Isso depende de suas condições concretas de existência, de seu estilo de vida, de suas habilidades cognitivas, de sua resistência aos desafios, ao estresse etc. O primeiro afeto a aparecer talvez seja o medo. Medo de ser contaminado, adoecer, morrer, perder um ente querido etc.


A pandemia parece uma guerra com uma peculiaridade bastante curiosa. Não podemos, individual e ordinariamente, vigiar o comportamento do inimigo, do invisível vírus causador da síndrome respiratória. O que cada um de nós pode fazer é vigiar e controlar o próprio comportamento e o comportamento dos outros com quem compartilha espaços de convivência ou de passagem.


O medo e a invisibilidade do vírus sugerem a desconfiança, que é outro afeto importante. Ficamos desconfiados em relação aos outros e a nós mesmos. Como não o vemos, imaginamos que o vírus pode estar em qualquer lugar. Em outras circunstâncias, isso seria um estado delirante, uma patologia. Mas, não agora. Tornou-se necessário deixar-se tomar pela ideia fixa. A ideia fixa pode salvar a própria vida e a dos outros. Somos compelidos a pensar no vírus em tempo integral.


Nem todas as pessoas experimentam medo neste contexto epidêmico. Há aquelas que acham que estão imunes, por variadas razões, sejam biológicas, espirituais, econômicas ou de outra ordem. Há outras que não veem motivo para medo, pois supõem que se trata de invencionice midiática, conspiração médica ou política para controlar comportamentos, e assim por diante. Sobretudo, há aquelas que, por essas e outras razões, sentem raiva de quem tem medo e se previne. De todo modo, o medo é uma emoção estratégica para a sobrevivência individual, embora, em excesso, seja desestruturante. Pessoas que não sentem medo são potencialmente perigosas, para si e para as outras, porque tendem a assumir comportamentos de risco.


O medo não é uma emoção necessariamente muito intensa. Pode chegar ao pavor, é verdade, mas, às vezes, é apenas aquilo que a pessoa identifica como sendo receio. Medo ou receio, desconfiança, ideia fixa, isolamento, trabalho doméstico e home office são exemplos de componentes de um coquetel com alto poder gerador de tensões, de estresse. O isolamento, por si só, ao restringir o campo de atuação do indivíduo, pode produzir frustração, acúmulo de energia e sentimento de impotência. É sabido que a frustração pode gerar irritabilidade, raiva, ou vergonha e tristeza. O estresse e a ansiedade podem fazer o mesmo. A ansiedade é o medo relativo à insegurança, à incerteza. Tem a ver com a expectativa em relação ao futuro, com a incerteza quanto à ocorrência, forma e desfecho da coisa temida. Convém destacar que o isolamento e a mudança de rotina tendem a alterar a vivência do tempo, no sentido da aceleração (ou da desaceleração) e da desconexão com o calendário.


No âmbito familiar, isso tudo pode se encaminhar para o desgaste nas relações, para acontecimentos agressivos e, até mesmo, violentos. Porém, e felizmente, como ocorre em toda crise, também pode contribuir para o autoconhecimento, para mudanças positivas na forma de ver o mundo, a vida e as pessoas. Algumas atividades podem facilitar muito o avanço nessa segunda perspectiva, que é benigna e humanizante. Podemos citar os exercícios físicos, a prática de yoga e meditação, trabalhos manuais (inclusive as tarefas domésticas rotineiras), leitura, apreciação das mais variadas formas de arte, conversação presencial ou virtual com amigos e parentes etc. Na medida do possível, é preferível que a pessoa se envolva com atividades variadas ao longo do dia, para evitar o tédio. Sobretudo, é fundamental que ao menos uma dessas atividades seja mais criativa, isto é, mobilize a imaginação e a reflexão de modo mais intenso. A arte é salutar para o desenvolvimento psicológico.


Texto enviado pelo docente Gilberto Lima dos Santos - UNEB campus VII

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